Tempos de Ambrosia, Licia Olivetti NYC 2010 ©
A noite descansa sobre nós.
Serenos azuis dois olhos presos
correm livres num saltar de noz,
prisoneiros de líquidos anzóis,
desiluminados de dois sóis.
Tesa a madrugada segue fria.
Quietamente a natureza cria,
em conchas de maresia,
as águas que encherão a pia
para o batismo do dia.
A manhã surge farta e molhada,
já num cansaço de morta.
Sabe o homem da mata
será longa a sua jornada,
já exausto e sem nada.
À tarde, o sol maciço aquece
o coração de quem cedo esquece.
Turvos sonhos a mente tece.
E se a felicidade deles soubesse,
talvez nunca mesmo viesse.
A viver só de ambrosia,
em macedônias de azul celeste,
muita alma mercenária,
entoa angélica um hino ao ente
cuja vida nem pressente.
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